20/8/2008 10:44:36
Você é um cidadão da era digital ou não?
Professora de Biologia
Para responder a esta pergunta, farei um breve relato de como cheguei até o momento de estar realizando esta atividade, proposta pelo curso.
Durante minha infância e adolescência, como estudante do primário, ginásio e científico (nomenclatura da época), todas as provas e trabalhos eram manuscritas, em cadernos sem espiral ou em folhas de almaço. Os livros, pesados e em grande número, eram retirados das bibliotecas e levados para casa com data para entrega, para serem consultados e resumidos, pois não existiam cópias reprográficas.
Ao cursar a faculdade, tive que transportar livros bem mais volumosos, ficar horas lendo em bibliotecas e fazendo trabalhos em grupo presenciais. Tudo precisava ser escrito à mão, faziam-se rascunhos antes da cópia definitiva, gastando muito papel amassado por erros ou sujos de tinta. Na época, fui presenteada com uma máquina de escrever usada e portátil, o máximo em tecnologia. Finalmente, usando fitas que manchavam e teclas que prendiam os dedos, estava utilizando um equipamento moderno, depois substituído por uma máquina de escrever elétrica.
Posteriormente, trabalhando como professora, tive a facilidade de contar com mimeógrafos para impressão e, pouco antes da aposentadoria, com aparelho de cópia reprográfica, adquirido pela escola. Na mesma época, aulas regulares de computação eram oferecidas aos meus filhos como parte do currículo de sua escola, enquanto aprendiam a ler e escrever.
Quando eles ingressaram na universidade, adquirimos um computador, embora eu o considerasse desnecessário para o aprendizado deles. Durante meses, eu somente sabia identificar o equipamento como sendo um computador, diferenciá-lo de uma TV ou rádio, porém sem me aproximar muito, com medo de estragá-lo.
Num certo Dia das Mães, meu filho me presenteou com um cartão eletrônico, enviado para meu “e-mail” recém criado, mas eu teria que acessá-lo sozinha. Além de não saber o que essas coisas significavam, e com enorme receio, passei o dia todo sem ver o cartão. Somente à noite, quando ele não estava, pedi auxílio à filha e, com poucas orientações vindas do cômodo ao lado, finalmente pude visualizar meu presente. Ao ler o cartão, além dos cumprimentos, havia um recado: “Se aprendesse a lidar com o computador, teria visto esse cartão cedo da manhã”.
A semente da curiosidade tinha sido plantada e, após alguns meses, ingressei em um curso para conhecer o funcionamento do computador, fui aprovada, mas achei muito complicado e desisti de continuar. Entretanto, a realidade mostrava que a informática estava presente em praticamente tudo: bancos, serviços públicos e privados, empresas, comunicação, ensino, etc.
Já aposentada, morando com o marido em outra cidade, comprei um computador e, juntos, tivemos aulas particulares. O objetivo era acessar as contas bancárias para visualizar extratos, procurar poucas informações pela internet e, principalmente, jogar cartas, nada mais que isto.
Tudo mudou quando fiz um concurso público e retornei às minhas atividades como professora. Decidi então que mudaria essa história. Perdi o receio e criei coragem para conhecer de verdade o mundo virtual.
Atualmente, uso o computador regularmente para fazer trabalhos e provas, comunicar-me com parentes, amigos e alunos (através de mensagens instantâneas), receber e enviar muitos e-mails por dia. Estudo, pesquiso, escrevo, leio, resolvo problemas de todos os tipos e me divirto usando o PC. Tenho uma página em um site de relacionamento, que me permite contatar ex-alunos e ex-colegas, e onde foi criada uma comunidade para mim. Fiz um curso para criação de blogs pedagógicos e elaborei um blog pessoal, que é freqüentado regularmente pelos alunos.
Quer dizer, computador é hoje parte constante do meu dia-a-dia e um canal que permite comunicar-me com pessoas que de outra maneira não poderia fazer.
Faço um curso de Pós-Graduação em Mídias Aplicadas à Educação, no qual a informática é o módulo mais importante, base para estudar as outras mídias (TV, rádio e material impresso), e que me permitirá obter o título de especialista.
Como a escola onde trabalho recebeu computadores do Governo Federal equipados com o sistema operacional Linux Educacional, e ninguém sabe utilizá-lo, estou fazendo um curso oferecido pelo MEC para poder trabalhar no Laboratório de Informática que está sendo montado.
Só que isso não me bastava, pois o sistema operacional mais utilizado é o Microsoft Windows, e é o que eu utilizo em meu computador pessoal e no notebook. Mesmo utilizando Windows XP há algum tempo, e tendo tido aulas anteriores, procurei a Fundação Bradesco, freqüento este segundo curso e espero fazer os demais oferecidos na área de informática. E não pretendo parar por aí.
Sou da geração anterior à universalização da informática, tive muitas dificuldades em entender sua importância, mais ainda para aprender a lidar com um computador, e sei da necessidade de estar continuamente estudando e me aperfeiçoando nesta área. Hoje tenho a certeza de que essa poderosa forma de comunicação e informação, que chegou tarde ao meu cotidiano, está incorporada à vida de todos, e em especial à minha, tanto pessoal como profissional.
Se eu sou uma cidadã da era digital? Sou sim, sem dúvida alguma.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
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