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sexta-feira, 4 de março de 2011

A CULTURA DA CÓPIA

Você concorda que o plágio de trabalhos escolares é um crime?
3 de março de 2011

Zerohora.com adianta o editorial que os jornais da RBS publicarão no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Comentários enviados até as 18h de sexta-feira serão selecionados para publicação na edição impressa. Clique aqui e participe!



A CULTURA DA CÓPIA

Reportagem publicada esta semana pela Revista Veja aborda um problema crescente e preocupante nos meios educacionais: o plágio. Potencializada pela era digital, caracterizada pelo acesso fácil a todo tipo de informação, esta prática danosa não apenas representa um novo desafio para os educadores como também mexe com os padrões éticos da sociedade brasileira. Mais do que crime previsto pelo Código Penal, o plágio é uma deformação do aprendizado para a vida e um desestímulo à competição saudável pelo mercado de trabalho.

É exemplar, neste contexto, o recente episódio da demissão do catedrático da Universidade de São Paulo que publicou numa revista estrangeira um trabalho com gráficos copiados de outra obra científica. Doutor em bioquímica, autor de mais de uma centena de artigos científicos, orientador de mestrado e doutorado, ele acabou com o currículo maculado por ter incorrido na chamada cultura da cópia, que consiste em utilizar ideias alheias sem dar o devido crédito a seus autores.

Infelizmente, esta prática tornou-se tão comum nas escolas e universidades brasileiras que se criou até mesmo uma próspera indústria de produção de trabalhos escolares. Sob o pretexto de não dispor de tempo para pesquisar, estudantes de todos os níveis encomendam a especialistas, mediante pagamento, até mesmo trabalhos de conclusão de curso. Os escritores de aluguel, por sua vez, nem sempre se preocupam com a originalidade e o ineditismo. O resultado é que alguns estudantes acabam apresentando trabalhos que não produziram e ainda plagiados de outros autores. Fazem isso, às vezes, por ignorância, outras devido à pressão familiar por resultados e, em alguns casos, por deformação moral. Além de não se preparar adequadamente para a futura profissão, o aluno que se utiliza de tais expedientes está sendo desonesto com a escola e com os colegas que se esforçaram para alcançar os mesmos objetivos.

Alertados pelo crescimento alarmante de tais práticas, escolas e professores vêm intensificando a vigilância, mas nem sempre estão preparados para detectar fraudes digitais. Há, inclusive, os educadores que preferem ignorar o problema, sob o pretexto de que o estudante plagiador está prejudicando a si mesmo.

Não é bem assim. Universidades conceituadas da Europa e dos Estados Unidos já desenvolvem sistemas eficientes de fiscalização, além de submeter os estudantes a regras claras e a punições rigorosas para o plágio. Parece ser o caminho mais adequado: cabe às escolas e universidades brasileiras priorizar esta questão, não apenas aumentando a vigilância sobre potenciais fraudadores, mas também ensinando aos alunos como fazer pesquisas com proveito, ética e transparência. Em complemento, as instituições devem desenvolver códigos disciplinares e fazerem uso frequente de sistemas verificadores de plágio para que a lisura seja efetivamente mantida.

Postado por Rosane Tremea, às 21:53

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